A cirurgia fetal, é conhecida também como Cirurgia Intrauterina ou Pré-natal, é o segmento da medicina fetal que opera diversas técnicas cirúrgicas para tratar imperfeições congênitas e problemas enquanto o bebê ainda está dentro da barriga da mãe.
Há três tipos principais de Cirurgia Fetal: a cirurgia a céu aberto, a fetoscópica minimamente invasiva e as terapias percutâneas.
Entenda como começou a Cirurgia Fetal
O procedimento que é chamado amniocentese, foi o primeiro método que deu abertura para a intervenção fetal. A amniocentese, é basicamente a introdução de uma agulha dentro da cavidade uterina para a retirada ou introdução de algum fluido.
O primeiro relato de uma amniocentese foi registrado em 1881 na Alemanha, onde foi utilizada para a retirada de líquido amniótico em um caso de polidrâmnio, que é o excesso do líquido.
Depois de algumas décadas a amniocentese foi usada como um procedimento de diagnóstico para a avaliação de casos de isoimunização RH, determinação do sexto fetal e também para algumas doenças hereditárias.
Confira os principais benefícios da introdução deste procedimento durante o pré-natal, como:
- Permite o tratamento do excesso de líquido amniótico;
- Possibilidade de análise do líquido amniótico;
- Abertura do caminho para a transfusão sanguínea no pré-natal.
Isso tudo permitiu que houvesse um grande avanço para a Medicina Fetal, a partir da década de 60 e com o surgimento do ultrassom na década de 70, a técnica houve uma grande evolução. Inclusive houve o desenvolvimento do tratamento da anemia fetal.
Fetoscopia: o início
No final da década de 70 houve um desenvolvimento da técnica de fetoscopia, que consiste na introdução de uma pequena câmera de vídeo na cavidade uterina para a observação do feto.
Além disso, com a fetoscopia é possível que os médicos obtenham amostras da pele do feto para estudos.
Conheça as primeiras Cirurgias Fetais em seres humanos
O Dr. Michael Harrison, em 1981 realizou a primeira Cirurgia Fetal em seres humanos. O feto era atingido por um problema de válvula de uretra posterior que o impedia de urinar, com isso havia a dilatação da bexiga e rins fetais.
Então, como tentativa de tratamento para casos como esse, foi efetuada uma derivação vésico amniótica, onde um pequeno cateter é colocado na bexiga e na bolsa amniótica, fazendo com que a urina saia através do cateter.
A Cirurgia Fetal endoscópica
Atualmente a fetoscopia mais realizada no mundo é para o tratamento da transfusão feto-fetal, que ocorre nas gestações gemelares, que é quando os fetos dividem a mesma placenta.
Nestes casos é possível que haja uma anastomose artéria-venosa, que nada mais é que a retirada de sangue de um dos fetos e acaba levando o sangue para o outro bebê, o que torna a doença extremamente grave e possui uma mortalidade muito elevada.
As primeiras cirurgias fetais para tratar a transfusão feto-fetal foram realizadas no Brasil em 2001.
Além da fetoscopia para a transfusão feto-fetal, é possível também que haja o tratamento da hérnia diafragmática congênita, para isto um pequeno balão é posicionado na traquéia do feto antes das 29 semanas.
A Medicina Fetal teve um crescimento significativo com os procedimentos invasivos. Esta é uma especialidade que deixou de ser expectador dos problemas fetais e passou a cuidar de uma forma mais abrangente da saúde do feto.
O Pré-natal realizado pela Medicina Fetal deixou de ser apenas um diagnóstico e passou a ser um momento de intervenção na saúde fetal.
A Cirurgia Fetal a céu aberto
A UCSF em 1991, descreveu a sua experiência de 8 anos com Cirurgia Fetal a céu aberto com 17 casos. As indicações abrangeram hidronefrose bilateral grave, hérnia diafragmática congênita, teratoma sacrococcígeo e malformação adenomatoíde cística congênita.
Em todos os casos a cirurgia fetal era apenas indicada quando eram muito graves o problema e a chance de sobrevivência eram zero.
Entenda em quais situações a Cirurgia Fetal é indicada
Hoje a cirurgia fetal é uma área em bastante desenvolvimento e algumas situações atualmente podem ser tratadas pela cirurgia, vamos conferir alguma delas, como:
- Mielomeningocele;
- Transfusão feto-feto;
- Hérnia diafragmática congênita;
- Válvula de uretra posterior;
- Derrames pleurais;
- Anemia fetal.
Além dessas doenças algumas outras situações mais raras podem receber algum tipo de procedimento intra-uterino ou na hora do parto.
Se você ficou com alguma dúvida sobre Cirurgia Fetal? Entre em contato conosco.
